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“O amor, em um país de ateus, faria adorar a Divindade”.
Voltaire (1694-1778)

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Rafa, Zé Marcio e Dito Pança - Inquilinos do Paulo Garé.

Paulo Garé e José Márcio

por Diógenes Raphaelli Junior

Ao final de 1979, eu, Dito Pança, mais o coringa artístico José Marcio Castro Alves, alugamos um "barraco", barraco mesmo, (quarto, sala, cozinha, banheiro ), tudo embolorado. Sol só até às 10 ou 11 horas da manhã, antes dessa hora ou depois desta, não havia a menor chance de se sentir num país tropical ( fora desse hiato não batia sol mesmo). Estudávamos juntos na faculdade (período integral), ou acordávamos antes das 10 ou muito depois das 11, exatamente por isso uma casa meio lúgubre!!! Mas o que nos fez alugarmos está "casinha" maravilhosa foi a venda de secos e molhados do "Seu Paulo Garé", menos de 30 metros da nossa república.
Seu Paulo era fantástico: tinha uma caderneta dele, uma nossa. Tudo o que se pedia ele marcava na dele e na nossa também. No final do mês se confrontavam as duas cadernetas, tudo certo, nunca acontecia erros, nem propositais, nem etílicos. Ele era um sitiante que tinha a sua vendinha, bem na descida da faculdade. Muitas coisas ele trazia do sítio; o resto, aquelas coisas enlatadas, cachaça da melhor, linguiça apurada, sardinha inteira em lata, que a gente pedia pra ele picar com muita cebola, pão caseiro (a mulher dele fazia o pão), era um paraíso caboclo. Quando íamos acertar a conta ele ria quase de enfartar; nada de arroz, nada de feijão, nada de macarrão. Era só caixas de cerveja, pinga de alambique, as maravilhosas linguiças e as sardinhas com pão !!! Mais maravilhoso ainda, dessa pessoa ímpar, era que ele nos emprestava dinheiro quando estávamos duro e dizia: não se esqueçam de gastar parte do que estou lhes emprestando aqui, Há, há, há.
Dito Pança, Patota e José Márcio


Nós éramos três figuras totalmente complementares. O Zé Márcio era e é um erudito/popular, musical e literário avassalador. Já tinha tocado com Johnny Alf aos 24 anos. Imaginem a complexidade harmônica do cara. Só piano ( Alf ) e ele no violão. Ele deixava os incautos boi de botas (era como chamávamos a maioria dos nossos colegas da faculdade de agronomia) acreditando que ele era descendente do poeta Castro Alves. Porra nenhuma: a mãe é Paula Castro e o pai Figueiredo Alves. O Dito Pança, umas das pessoas mais maliciosas e ligeiras que eu conheci (Eu e o Zé íamos reforçar o copo, ele tentava roubar no jogo de xadrez !!!). Sobre mim cabe aos dois dizerem !!! Essa pequena entrada acima é pra contar uma passagem, pelo menos pra mim fantástica, entre eu o Zé e o Dito.
Duas/Treis horas da manhã, Zé no violão, eu e o Dito jogando xadrez (sempre de olho nele, no Dito), bateu uma puta fome. Abrir a geladeira? Nunca! Nada dentro e o golpe de ar poderia ser fatal. O Seu Paulo Garé fechado à horas. O Dito Pança com toda aquela empafia dos que sabem viver a vida sem nada dela cobrar, disse: Tem um bar/puteiro, no bairro Sta Nazáre. Conheço todo mundo. Vamo lá que o cara mata o que eu quiser agora. O Zé já tinha debulhado o seu último acorde. Vão que eu espero! Entenderam, né? Montamos no carro e fomos. Chegando, o Dito conhecia aquelas pessoas como eu conheço qualquer pessoa que eu não conheci. Pelo menos o dono do bar reagiu como "reconhecendo-o". Ele com toda aquela circunstância disse:
--- Amigão, dá pra matar um frango agora ?
O cara falou que dava, porém o preço tinha a ver com o avantajado da hora. O Dito como nunca se fez de rogado disse: Pau na obram meu veio...
O cara foi pegar a galinha, acordar a muié, ... Pedimos uma cerveja enquanto esperávamos a galinha. Tinha uns caras jogando bilhar, mesinha pequena ( Só neguinho da vida sabe o que significa bilhar/mesinha ).
O mano aloprou e intimou !!! Aí meu véio, tô na espera do frango. Vamo bater um taquinho valendo a despesa?
Os professores Albertinho e Picirilo.
defronte ao bar do Paulo Garé



Assim era a nossa vidinha. Foram dois anos de república, muita cachaça e muitos amigos. Na qadra dos vinte anos o mundo não acaba, o mar é lago sereno e o céu um manto azulado. Íamos pra Jacutinga, Campinas, São Paulo, Ribeirão Preto... E onde estão meus estimados companheiros? Se foram tantos Janeiros que já nem me lembo mais...

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sábado, 26 de junho de 2010

Luís Figueiredo, uma figura encantadora.


Seu Luís Figueiredo – O homem e seu rastro
por José Márcio Castro Alves

A morte é o corolário da vida, assim me disse um dia o seu Luís Figueiredo, em metáfora de caboclo. Refiro-me ao seu Luís da dona Maria Helena, o pai da Lúcia, da Imaculada, da Ana e da Beth, as suas quatro filhas que lhe deram quatro famílias e genros trazidos na conta de novos filhos, como também uma ninhada de netos.

O nosso querido seu Luís, o avô da Priscila e do Thiago, do Fernando e do Guilherme, da Rafaela e do Fábio, do caçulinha Rodrigo.
Mais que um filho, um irmão, um pai, um tio, um sogro, um cunhado ou um avô, ele era um ícone, um pêndulo e um amigo.
Um mineiro de estirpe que brotou da fina flor da cepa sertaneja.
Prudente e cauteloso, ancião e menino, foi criado na cadência do monjolo e na sova do polvilho da velha São Thomás de Aquino. Mas era também um paulista e um francano adotivo, desses que vibram altivamente e de coração aberto por ter orgulho da sua terra, nessa cruza precisa entre a emoção e a razão.
O seu Luís das festas, da praia e do rancho, da roça e do dia a dia. Num almoço de domingo era a própria imagem da alegria de viver. Onde quer que chegasse, era sempre bem vindo. Um homem no sinônimo integral do termo. Um líder nato, sem meias palavras, sem meios sorrisos. Um caipira adorável. Sempre inteiro. Discreto, como todo mineiro e enérgico como todo paulista. Era como um João-de-Barro. Deixava sua pista. Um brasileiro da cabeça aos pés, um bandeirante, formador de gentes e gerenciador da família. Um baluarte e um prumo, um esteio e um norte.
Um homem de opinião e um filósofo, um matuto e um pensador matreiro que adorava brincar de sabedoria.
Ao contemplar o firmamento, cruzava os braços feito um Jeca e conjecturava possibilidades sobre a nossa insignificância. Sempre alegre, aberto aos jovens, compreensivo e consolador. Um homem de abraço gostoso e sorriso franco, que adorava a quentura de uma confidência e o calor de uma boa prosa.
Seu Luís, o eterno par da dona Maria Helena, mãe e mestra nos quitutes e nas prendas, sempre com ele na retaguarda. E na vanguarda, quando encabeçava a rédea e conduzia naturalmente a sua aldeia entre temporais e bonanças. Com ele, era sempre tempo bom, tempo de plantar e colher.
Amava os prazeres da roça, o aroma da chuva e o cheiro do curral, o doce dos frutos e o berro das crias.
Certa feita, escrevi um artigo sobre as fases da lua e a sua influência na agricultura. Foi o seu Luís quem me deu a dica:
--- ''O que nasce pra cima da terra se planta na minguante. O que nasce debaixo da terra, planta-se na crescente''.
Sabia de tudo aquele moço velho, aquele velho moço!
E quantas vezes o Brasil não viu, na televisão, à frente de uma aventura campestre, o seu Luís descascando o milho e a espiar, à moda mineira, de banda, a criançada a se lambuzar com a pamonha ainda quentinha, saída há pouco do tacho? Ah, seu Luís, da uva foste a videira e o cacho.



Um homem que amava o belo e que gostava de música, dos versos, das coisas e dos causos, das serestas e dos inesquecíveis assustados.
E quantos deles não compartilhamos? Comedido e naturalmente elegante, marcava presença como uma referência sensata e oportuna, taliquá um bacurau.
Não precisava falar muito pois era daqueles cujo olhar bastava e o canto se ouvia.
Em requisito, jamais desperdiçou a chance de dar aquele parecer conciso e claro, quase sempre entoado como um veredicto, feito um juiz ponderando entre o acerto e o erro, o alegre e o triste, mas nunca com o dedo em riste.
Quem não se lembra das suas gargalhadas, sempre em arremate a uma boa história ou uma piada da terra? Era um riso jorrado na mais cristalina de todas as bicas, brotado na sabedoria e na naturalidade dos que trazem no bornal do intelecto um rosário todo encorpado de janeiros em penca e primaveras em demasia. Delas, garimpou setenta e cinco, o felizardo.
Sempre foi um guerreiro e um pacificador. E lutou bravamente contra a doença, mas sem faltar com aquele seu bom humor tão peculiar e aquela pitada de galhardia, um cacoeti que trazia no fundinho da algibeira.
Submeteu-se a elas, as tais cirurgias, para prolongar mais um pouco a linha de seu tempo.
Queria ficar mais, pois sabia que era necessário para a nossa alegria.
Mas teve também o privilégio de virar o século e o milênio ao lado do seu clã e dos seus muitos amigos, junto à família. Foi surpreendido, na passagem para 2001, tomando um copinho ou outro de cerveja, feliz da vida, na mesma traquinagem de menino extrapolando a medicina.
Pressentia que não faria mais diferença um cigarrinho escondido no bolso, um golinho a mais, naquela festa que não podia perder nem adiar. Nunca adiou a vida.
A última semana foi ao lado da mulher, das filhas, dos netos e dos genros, na fazenda em São Thomás. Uma semana feliz, que dividiu generosamente com muitos.
Apesar dos queixumes e das dores que a madureza lhe devia, escrevia na areia os males que lhe afligiam e esculpia no mármore todo bem que recebia.
Amava a natureza e a arte de viver, por isso jamais vislumbrou abandonar esse espetáculo que é a vida. No fim, a partida. Rápida, decidida, consentida enfim.
Seu Luís Figueiredo, um doador de caráter, um homem que soube desvendar como poucos os segredos e os caminhos de uma vida gloriosa.
Desses que quando terminam a empreitada terrena, deixam cravado nitidamente, limpidamente, o rastro da generosidade e da bondade, entalhado com mão de mestre no mais puro cerne do nosso pensamento, para morrer jamais.
Seu Luís Figueiredo, um teimoso tão bondoso, tão dengoso e tão contente, que ainda teima em estar com a gente!
(visite o site especial para ver mais Luís Figueiredo e família)

José Márcio Castro Alves
Ribeirão Preto, 15 de Janeiro de 2001.

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terça-feira, 22 de junho de 2010

Clara, Clarinha, vida nova à gente minha.


Clara do Couto Rosa Chagas veio ao mundo aos 22 de novembro de 2007, deixando os pais Fabrício e Flávia apaixonados pela alegria de viver. Quanto aos avós, os pais do Fabrício, o Luiz Antônio do Couto Rosa, a Paula Castro Alves e o José Carlos Vaz, rejuvenesceram uns 20 anos.

O segundo aniversário da Clarinha foi na fazenda São Luís, no município de Restinga, região de Franca. Fundada pelos trisavôs paternos da Clara, Fernando do Couto Rosa e Ana de Figueiredo Rosa, felizmente está nas mãos da família e continua o palco das perdidas ilusões de cinco gerações. Um lugar encantador, à sombra de mangueiras centenárias e ao frescor de festas inesquecíveis ao longo de quase um século.

Parabéns aos pais, avós e familiares, e que em 2010 possamos estar juntos da minha querida sobrinha neta, a Clara do Couto Rosa Chagas.

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terça-feira, 20 de janeiro de 2009

São Paulo, a locomotiva do Brasil.


Até 1967 éramos a República dos Estados Unidos do Brasil. Mudou-se para federação para que o Estado de São Paulo carregasse a maior parte do Brasil nas costas, como o faz até hoje, a julgar pelo volume de impostos que paga à união. Se continuássemos com a mesma constituição de 1891, hoje São Paulo seria riquíssimo enquanto que os estados do Norte e Nordeste retornariam ao período jurássico.